Monday, February 19, 2007

conversas de café (2) - gajas

Ah e tal... e lá entram elas naquele passo irritante como que em bicos dos pés, com a mão à altura do peito talvez em gesto de tia, aquela vozinha esganiçada e uma cara mete-nojo e sentam-se! Mas qual glamour de cores e fundos e pessoas ditas de elegantes? Nada disso, estão todas num café "normal": paredes amarelas do fumo, cadeiras velhas e duras, plantinhas a morrer pelos cantos, empregados sem dentes que bebem escondidos, televisão a dar a bola em altos berros e uma quantidade relativa de uns quantos bêbedos a gritarem ora pelos seus jogadores ora por mais um pirezinho de tremoços.
Sentam-se na mesa mais perto da janela para irem arranjando os penteados ajubados nos vidros. Sacam do lencinho da carteira para limpar as résteas de qualquer coisa que ninguém vê e lá se sentam, com o maior dos carinhos para não sujar as calças de marca. Começam a apreciar as pessoas e a soltar risos histéricos de gozo... Fazem um não com a cabeça quando passa aquele cidadão menos cuidado ou aquela rapariga que não soube conjugar a côr da carteira com a dos sapatos! Pedem todas um cházinho de limão para cuidar da linha e uma segunda limpeza na mesa onde se encontram!
Quase impossível de se ter uma conversa em ambiente de jogo, mas não se acanham e berram como cabras desmamadas: "Ai, nem sabes ontem! (risos oriundos!) Troquei o creme hidratante com o dos pés. Ahahah! Mas achas que é perigoso para a cara?" "Não, claro que não! Hoje pões uma máscara de casca de batata e vais ver que amanhã nem se vai notar!". "Já viram as minhas calças novas? Estou a vestir o 32!" "O 32? Mas tu não vestes o 36?" "E então, nada que uma boa cinta não resolva! Bah!" (ao qual a boa gente pensa "por isso é que estás com esse ar de deixem-me-respirar-senão-explodo?!").
Entretanto marcam golo e o café grita em pé. Claro, tanto barulho para aquelas amostras de rapariga faz com que tapem os ouvidinhos com as suas unhas rosa de gel!
Aguentam a confusão e continuam a falar... De malas, roupa, sapatos, da miúda invejada lá da escola, do gajo que diz ter uma grande pila mas que nenhuma ainda (com)provou, de um tal tratamento para a região abdominal, do ginásio e do novo preparador físico, estes e aqueles temas que interessam demasiado à população. Se bem que, ao contrário dos gajos, estas alminhas perdidas fazem-se de carne assanhada mas acho que se algum macho as apalpar ou se vêm de prazer ou fogem com medo de uma dentada! Para além de que falar de sexo é nojento, porque mulher que é mulher não fala nisso! Fazer ainda é naquela... agora falar não! "Credo, cruzes, canhoto!"
Depois de tanto grasnarem e de cortarem na casaca de todos os seres vivos daquele espaço e já com o cházinho bebidinho, saem em fila indiana, com o barulho irritante dos saltos agulha e dos risinhos ensurdecedores das suas futéis cabecinhas.
Gajas...

Thursday, January 25, 2007

conversas de café (1) - gajos

Que fazem uns quantos gajos sentados numa mesa de café? Ou de tasca? Ou de uma merdice qualquer? Para além de aquecerem as mãos no forro dos tomates e de fazerem a típica expressão de gato assanhado para qualquer pitéu que passe, só dizem merda. Aliás, entre futebol e carros, normalmente o tema central é sexo. Sim, é um tema deveras interessante... e cada vez mais na moda. Desde que deixou de ser um tabu, concordo plenamente que se fale nele! Só que há maneiras.
Digo eu...
"Enchia-lhe aquela boca cheia de leitinho..." "Esburacava-a todinha!" "Era de costas e até gemia!": Poupem-me e poupem-se deste tipo de comentários! Querem com isto dizer que são animalescos e fodem tudo o que mexe? Ok, façam uso da pilinha, não vá ela sair do prazo de validade. Mas usem-na só, escusam de se debater sobre qual de vocês a usa melhor e muito menos como.
Também gosto de falar de sexo, como qualquer pessoa ciente de que é um acto puramente normal. Só que banalizá-lo e torná-lo tão fútil como beber um copo de água ou tão porco como cagar, obrigada mas cresçam.

Depois tendem a confrontá-lo com outros assuntos.
"Epá, aquele novo modelo que saiu tem umas jantes altamente. E os bancos em cabedal? Ui, lá é que era uma foda bem mandada!"; "Tchi, viste ontem na televisão a mulher do jogador do Real? Jasus, que toira! Ele que jogue e ela que venha ter aqui com o paizinho!"
Oh meus amigos, que vontade de rir e de vos atirar baldes e baldes de merda!
Aiai... homens.

Tuesday, January 16, 2007

futebol nos olhos das gajas

Eu não entendo. Vai uma gaja ao futebol para estar descansadinha a ver a sua equipa a dominar (ou não) a bola, gritar com as claques, ficar sem voz a chamar de cabrão para cima aos árbitros, chupar uns quantos cigarros com os nervos e coçar o tomatame e depara-se com umas quantas histéricas a urrar os nomes dos jogadores em jeito de ai-que-estou-quase-a-vir-me!
Por favor! Se querem dar espectáculo, corram para o relvado nuas, atirem-se das bancadas, levem com os cacetetes dos seguranças... Agora não se ponham em cimas das (des)confortáveis cadeirinhas a esbracejar para que algum dos 22 que estão no campo vos ouça!
Ah, e escusam de ir de saltinhos, saiazinha, blusinha com decote escandalosinho, olhinho pintadinho, beiça idem aspas que ninguém vai olhar para vocês! Quer dizer, há sempre aqueles esfomeados à procura de pito em brasa, mas nem esses se babam porque futebol é futebol!
Querem tirar fotos das pernas musculadas e dos rabiosques tonificados dos futebolistas? Estejam à vontade. Se quiserem depois dou-vos o meu mail e nem me importo que as partilhem comigo. Mas não façam o "Cucu, lindinho? Olha só para aqui um bocadinho, deixa-me tirar uma fotozinha a ti!" ou o "Ai, oh árbitro filho duma égua, meteste-te à frente e não lhe apanhei a coxinha! Boi!".
Aiai...

the return.

A vontade falou mais alto.
A veia adoro-quando-os-meus-pensamentos-mais-recônditos-passam-para-a-escrita-sem-qualquer-piiiiiiiii tornou a despertar em mim a acérrima garra de reabrir este blogue.

Não, não quero sequer imitar a Grande Rititi. Primeiro, porque não chego (nem é esse o meu objectivo) aos seus calcanhares; depois, porque nunca estive em Espanha e Direito não é o meu forte.

Simplesmente digo o que me apetece, quando me apetece, porque me apetece.